Base de dados

A BASE DE DADOS CÓRTEX E SEU FUNCIONAMENTO

A base de dados CÓRTEX foi um aplicativo desenvolvido especialmente para o projeto, que coletava e processava dados sobre espaços e iniciativas de arte auto-organizadas em todo o Brasil. Sua efetiva construção não só contribuiria para o entendimento da cena de arte independente brasileira, mas também daria visibilidade para as ações de seus agentes, podendo ainda ser útil como instrumento de gestão no estabelecimento de diretrizes para políticas públicas específicas pelos órgãos responsáveis.

Em princípio, a coleta de dados seria realizada através do preenchimento, pelos gestores dos espaços e iniciativas, de 4 formulários no aplicativo, abordando os seguintes temas:

  1. Organização e estratégias;
  2. Gestão de recursos;
  3. Público; e
  4. Colaboradores.

Os dados coletados dos espaços e iniciativas, via cada um dos formulários separadamente, seriam processados pelo aplicativo e juntos gerariam uma série de gráficos e tabelas que retratariam como auto-organizam-se e administram recursos, a que público atendem e com quem colaboram.

A ABRANGÊNCIA DA BASE DE DADOS CÓRTEX

A base de dados CÓRTEX entende por espaços/iniciativas de arte independentes:

Os espaços de arte e iniciativas, com ou sem sede, propostos e geridos por um ou mais indivíduos, que desenvolvem atividades ligadas à criação, pesquisa, reflexão, produção, formação, articulação e difusão da arte contemporânea. A gestão, assim como a programação destas iniciativas e espaços de arte, não estão ligadas à empresas privadas ou a instituições e órgãos públicos. Por arte ou arte contemporânea, entende-se a produção de hoje que envolve as artes visuais – frequentemente tem a raiz nas artes visuais – mas não enxerga barreiras entre as diversas linguagens e expressões, ou seja, é transdisciplinar, experimental, conectada e comprometida com outros âmbitos da vida. Espaços culturais que possuem atividades conectadas às artes visuais, também estão convidados a participar.

A EXPERIÊNCIA

Entre janeiro e abril de 2017, foram contatados (e re-contatados) 60 gestores de espaços e iniciativas em diversas localidades do Brasil, convidados a colaborarem com a construção da base de dados CÓRTEX. Apesar de quase a totalidade dos gestores contatados reconhecer espontaneamente a importância da construção da base de dados CÓRTEX, e da enorme janela de tempo que tiveram para preencher o formulário 1 (que tomava cerca de 20 minutos), dos 60 espaços e iniciativas contatados, somente 25 criaram perfis no aplicativo (então disponível gratuitamente na Apple Store e Google Play) e responderam ao referido formulário.

A dificuldade na coleta de dados através do formulário 1, levou ao congelamento do processo e à re-análise da proposta da criação da base de dados. Os resultados produzidos foram parciais e inconclusivos. Infelizmente o projeto não dispõe de recursos para arcar com os custos do aplicativo ativado e assim manter os resultados obtidos disponíveis para consulta nesta plataforma.

ANALISANDO A EXPERIÊNCIA

A existência da base de dados CÓRTEX depende de um processo de construção coletiva por um grupo grande – nesta primeira tentativa foram precisamente 188 espaços e iniciativas mapeadas em todo o Brasil. Isso significa que cada integrante seria responsável pela criação de precisamente 1/188 do produto final.

Portanto, quando este projeto foi elaborado partiu-se equivocadamente de um pressuposto: de que os espaços e iniciativas de arte independentes formavam um grupo, a cena de arte independente brasileira. Porém, hoje sei, falta uma espécie de “consciência de classe”, isto é, o reconhecimento de que se é parte de um todo, de que se pertence a um grupo. A cena de arte independente só existirá de fato quando for devidamente identificada pelos que a integram.

OLHANDO PARA O FUTURO

Como a base de dados, ao menos dentro deste formato, depende de uma cena de arte independente estabelecida, é preciso dar alguns passos para trás. Um caminho para estimular a sensação de pertencimento, e ao mesmo tempo unir forças e ganhar potência, é a articulação e manutenção de uma rede de colaboração.

Se criada a partir de uma rede de colaboração funcional, a base de dados poderá ser utilizada na validação da cena de arte independente como uma força dentro do sistema da arte, ao lado das já estabelecidas cenas institucional (formada por instituições artístico-culturais tais como museus e centros culturais) e comercial (como galerias, feiras e leilões).

O CÓRTEX tem buscado caminhos para a articulação junto à cena de arte independente em diferentes contextos: em Campinas, com a co-organização do Circuito Livre de Arte Independente (CLAI), rede de colaboração integrada por 17 espaços e iniciativas de arte independentes; em São Paulo, com a elaboração de um projeto de implantação para uma Coalizão do Circuito Cultural Auto-organizado, em parceria com Giovanni Pirelli, do Projeto Marieta; e em Recife, com o projeto Dobradiça, em parceria com a Galeria MauMau, premiado pelo Funcultura, com previsão de realização em abril de 2021.

 

//CRÉDITOS

Coordenação e produção | Maíra Endo
Desenvolvimento dos formulários, gráficos e tabelas | Maíra Endo
Desenvolvimento do aplicativo: Mobzi